ARTIGO - 02
Áreas em uso na Floresta de Maués
Hoje volto a discutir a proposta do Instituto Chico Mendes – ICMbio, para a criação de uma estação ecológica em Maués. Como disse anteriormente o município já tem comprometido cerca de 50% do seu território com 2 reservas florestais e 1 reserva indígena, que somam mais de 1,5 milhão de hectares atualmente. Se aprovada a criação da Estação Ecológica de Maués, com mais de 660 mil hectares, o município ficaria com cerca de 70% da totalidade do seu território com potencial limitado as regras de exploração das unidades de conservação.
A área pretendida para estabelecimento da Estação Ecológica faz parte do Projeto Promim-tapajós, Província Aurífera Tapajós, onde, segundo o Serviço Geológico do Brasil –CPRM, contém a maior reserva de ouro do mundo, com mais de 200t do minério, num valor estimado acima de R$ 8 bilhões. Outro elemento presente na região é o calcário, importante para fertilização agrícola.
Fonte: CPRM
A implantação de uma unidade de conservação integral como a estação ecológica, invibializaria qualquer modalidade de manejo florestal na região pois, segundo a legislação, esse tipo de unidade não permite fluxos circulatórios, a exceção de estudos e pesquisas, diferentemente da floresta pública cujo “objetivo básico é o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em método para exploração sustentável de florestas nativas”, como determina o artigo 17 da lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Neste modelo as populações residentes ou interessados podem utilizar os recursos naturais existentes de forma racional, por meio de concessões, para exploração via manejos florestais, cuja síntese é a sustentabilidade da floresta ao utilizar somente as árvores antigas e manutenção das novas.
Para melhor compreender o prejuízo potencial: em uma área de 600 mil hectares existe um volume médio de cerca de 60 milhões de m3 de madeira possíveis de serem processadas a um valor atual de R$ 200,00 por m3, ou seja, R$ 12 bilhões que ficarão imobilizados em detrimento da população que nas últimas décadas defendeu e preservou esses recursos, enquanto a Mata Atlântica era devastada num modelo de exploração até a exaustão com derrubada permanente da floresta, principalmente, para fins pecuários.
É importante ressaltar que 55% da população de Maués reside em comunidades dentro ou no entorno das florestas públicas, portanto, sobrevivem dos recursos florestais. A criação de uma nova reserva na modalidade estação ecológica traria imensos prejuízos econômicos e sociais para nosso município, inviabilizando seu desenvolvimento por meio da imobilização de imensos recursos florestais aptos a permitirem o crescimento econômico sustentável de Maués.
O Amazonas não pode ser visto apenas como reserva ecológica para compensar eventuais prejuízos ambientais provocados por obras em outras regiões. Somos mais de 3 milhões de habitantes que necessitam de moradia digna e renda para alcançar uma condição de vida confortável e sustentável.
Até o próximo artigo.

Alfredo Almeida – É maueense, empresário e presidente do PMDB de Maués. Foi Secretário Extraordinário do Estado do Amazonas no período de 2004 a 2006, Deputado Estadual no Amazonas na legislatura 1998 a 2002, vereador em duas legislatura (1988 a 1992/1993 a 1996) e Presidente da Câmara Municipal de Maués no período 1995/1996.