Todos os atores políticos envolvidos diretamente na votação da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado têm essa mesma avaliação

 
Em seu gabinete, Eduardo Braga conversou bastante com Artur Neto. O governador Omar Aziz (centro) deixou claro o seu desconforto com o antigo aliado (Roque Sá/Agência Tempo)


Quem assistiu ou viu as imagens de TV e fotografias na imprensa local dos maiores adversários políticos do Amazonas se unir, dialogar e até trocar beijos e abraços na mobilização em defesa da Zona Franca de Manaus (ZFM), especificamente na votação da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, sobre os 12% do ICMS para o Amazonas, pode estar se perguntando: essa reunião é momentânea ou pode significar o retorno do grupo político que vem comandando o Estado há quase 30 anos?
A resposta quem dá é o próprio governador Omar Aziz, que voltou na semana passada a se sentar com o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) e conversar com o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), ferrenhos adversários desde as eleições de 2010 para o Governo do Estado.
“Essa mobilização é necessária porque estamos buscando salvar o nosso filho, uma das nossas principais riquezas, a Zona Franca de Manaus. A união, absolutamente, não tem nada a ver com eleições, partidos ou alianças. Isso é um momento e não está condicionado a apoio de “a”, “b” ou qualquer discussão política. Pelo contrário, a relação de conversa que estamos tendo é no sentido de um ajudar o outro primeiramente na CAE, onde saímos vitoriosos. Agora, vem a segunda parte, no plenário”, declarou Omar Aziz.
Todos os atores políticos envolvidos diretamente têm essa mesma avaliação. Deputados federais, que fizeram parte da reunião no Senado, ouvidos por A CRÍTICA também analisam os fatos e fotos como um retrato do momento. “Já vi muitas fotografias nos jornais desse tipo. É uma situação importante as pessoas terem maturidade e humildade de colocar os interesses do Estado e do povo acima de qualquer questão pessoal e política, mas isso não reflete que todos estarão em volta da mesma mesa, da mesma aliança no ano que vem”, avalia o deputado Silas Câmara (PDS-AM), acrescentando que é cedo para fazer qualquer tipo de leitura política definitiva. “Lógico que não deixa de ser um elemento (a união momentânea) para ser analisado e avaliado mais lá para frente até se transformar em ação definitiva”, diz deputado do PSD.
Para o deputado Luiz Fernando (PSD-AM), o cumprimento e o beijo trocado entre a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e o prefeito de Manaus Artur Virgílio Neto – adversários na eleição municipal de 2012 – depois da votação na CAE, foi emblemático. Ele classificou com madura a postura dos políticos em torno da ZFM. “Qualquer rusga, prurido ou raiva foi trocado por algo maior”, declarou. Ele citou o reencontro de Omar, Alfredo, Braga, Artur e Vanessa.  No entanto, Luiz Fernando também corrobora a tese de que essa união não resvala para as eleições de 2014.