(extraído de cronicas de Maués)

Todos os dias ao ir trabalhar, visitar amigos ou, simplesmente, passear pelas ruas de minha querida cidade, testemunho jovens, jovens-senhores, mulheres (moçoilas e senhoras) perambulando como nômades, sem ocupação, provavelmente refletindo e pensando em formas de prover o alimento de suas famílias naquele dia. São cidadãos vítimas do descaso e da incompetência de ludibriadores que diziam ter projetos para o município e, ao ganharem a confiança do povo, demonstraram que na verdade eram inaptos gerentes de boteco, que nada mais fazem do que ficar sentados esperando os recursos caírem na conta da prefeitura e depois apenas pagam o que devem, esperando da sobra tirar dividendos para si.
 O resultado dessa letargia e dessa inapetência pelo trabalho criativo resulta em duas variações da mesma realidade. Uma na esfera do universo brasileiro e outra em nível estadual.
Na primeira, o Brasil vem apresentando resultados positivos no desenvolvimento. O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2011 foi recentemente publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Neste ano o tema é a Sustentabilidade e equidade: um futuro melhor para todos. Nele o Brasil ascendeu uma posição e hoje é o dono da 84ª posição dentre 187 países ranqueados. Neste ranking apresenta um IDH de 0,748.
O Amazonas, na mesma direção, vem apresentando resultados igualmente positivos.
Indo pra escala municipal um outro indicador é o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal- IFDM, publicado pelo Sistema Firjan, composto pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Centro Industrial do Rio de Janeiro, SESI, SENAI e Instituto Euvaldo Lodi-IEL. No relatório 2010, caminhando em direção contrária, Maués ocupava a vergonhosa posição 5416ª no ranking com índice de 0,433; no agora publicado do ano de 2011, nossa cidade recuou para a  5489ª posição com um índice de 0,452. Esse recuo não se deu apenas na escala federal, ocorreu igualmente no Estado. Em 2010 ocupava a 56ª posição e em 2011 ficou na 57ª, sendo ultrapassado por Guajará, Ipixuna, Pauini, Anamã, Manaquiri e Tonantins que melhoraram o desempenho.
Retrato de descaso 2
Para você entender o índice. Ele vai de 0 a 1, quanto maior melhor o resultado. Até 0,4 é considerado de baixo desenvolvimento; de 0,4 a 0,6, desenvolvimento regular; 0,6 a 0,8,  desenvolvimento moderado e, de 0,8 a 1 alto desenvolvimento.
O índice Firjan é composto por três variáveis: emprego e renda, educação e saúde. Nestas três áreas, Maués, nos dois últimos  relatórios, melhorou apenas o de saúde que apresentou uma raquítica melhor, passou de 0,5347 para 0,5698. Nos demais o desempenho foi precário.
Na Educação caiu de 0,5200 para 0,5120. É importante enfatizar que nesta área os setores analisados são o Ensino Fundamental e Educação Infantil, onde as escolas estaduais têm obtido bons desempenhos e as escolas da prefeitura, principalmente nas comunidades rurais, tem resultados problemáticos, para usar um termo elegante. Se o índice isolasse o desempenho das escolas estaduais o resultado seria calamitoso.
Porém, cheguemos ao que queremos, o indicador Emprego & Renda. Neste, a área em discussão é o mercado formal de trabalho. O índice aqui é o modesto 0,2452 em 2010, e 0,2237 em 2011. Um resultado a beira do abismo, uma verdadeira calamidade pública!
Segundo o IBGE, Maués possui 75% de sua população entre a faixa de pobre e miserável. Então surge a indagação: como superar essa realidade se não conseguimos criar emprego e renda para nossa população?
Retrato de descaso 3
Governar não é um ato de contabilidade, onde se controla a entrada e a saída de recursos e, no final, deve existir uma sobra para repartir entre os sócios. Se assemelha mais a uma ação de empreendimento, onde o prefeito-empreendedor deve se articular, criar e trabalhar com determinação para resolver os gargalos que impedem o crescimento e desenvolvimento do empreendimento, no caso, o crescimento econômico e bem estar do povo de Maués.
Conclusivamente, sobre a realidade atual demonstrada pelos índices apresentados, pode-se concluir que os administradores atuais não tem competência para administrar ou não estão preocupados com o desenvolvimento do município. Em uma ou na outra possibilidade o resultado é que precisamos urgentemente tomar um novo rumo, ou, em breve, Maués se tornará um campo onde os únicos índices que aumentarão serão o da prostituição, do bandidismo, da violência e do tráfico de drogas.


Alfredo Almeida – É maueense, empresário e presidente do PMDB de Maués. Foi Secretário Extraordinário do Estado do Amazonas no período de 2004 a 2006, Deputado Estadual no Amazonas na legislatura 1998 a 2002, vereador em duas legislatura (1988 a 1992/1993 a 1996) e Presidente da Câmara Municipal de Maués no período 1995/1996.