A discussão sobre a necessidade de expandir a rede de energia de Tucuruí até Maués abre outros leques do debate.
Maués, assim como a maioria dos municípios amazônicos, possui duas realidades distintas. Temos a sede do município, dotada de infraestrutura urbana (no momento degradada, em função do ineficiente gerenciamento), e temos o interior, organizado em 12 pólos, compostos por mais de 180 comunidades, que juntas somam mais de 20 mil habitantes.
Vista aérea de Maués
Portanto é necessário se visualizar como atender a demanda dessas duas realidades.
A vinda do Linhão até a sede do município atenderia a demanda urbana, mas como atender ao conjunto das comunidades agrícolas distantes entre si, com baixa densidade populacional, pelo sistema convencional? O custo de implantação é alto e a maioria dos comunitários não possuem condições econômicas e financeiras de arcar com o pagamento dos custos, nem de taxas de consumo mesmo subsidiadas.
Atualmente as comunidades, assistidas por motores movidos a diesel ou gasolina, só tem energia por períodos curtos, normalmente a noite, e tem de arcar com preços absurdos de R$ 3,00 a R$5,00 por litro de combustível. Isso combinado com regulares problemas de abastecimento e manutenção que deixam as comunidades às escuras por longos períodos.
É necessário planejar alternativas, desde agora! É preciso participar do debate e não apenas esperar pelas iniciativas externas.
O Programa Luz para Todos já atingiu cerca de 25% das comunidades. Recentemente, inclusive, inauguraram sistemas de produção energética a partir de mini usinas solares em três comunidades: Enseada, Santa Maria e Santa Luzia. Contudo, esses sistemas sozinhos não são suficientes para gerar energia que possibilitem almejar o progresso econômico do interior. Como primeiro passo para permitir a inserção das famílias aos benefícios do século XX, são plausíveis, contudo estamos no século XXI e é necessário criar as condições estruturais para gerar renda e dar dignidade econômica e social por meio da autosustentabilidade.
Uma das alternativas possíveis, sem ser a única, é a queima de resíduos de biomassa em caldeiras ou turbina a vapor. Atualmente parte expressiva da energia produzida em Itacoatiara provém desse tipo de usina, produzida pela Mil Madeireira.
Convém lembrar que não estamos discutindo a substituição do sistema tradicional, mas de complementar essa produção com sistemas alternativos, para possibilitar atender ao maior número possível, preferencialmente, todas as comunidades.
O importante agora é se inserir no debate e buscar soluções de médio e longo prazo. Soluções permanentes que permitam a Maués voltar a crescer economicamente e se desenvolver, progredir, e abandonar a paralisia econômica e social na qual a colocaram nos últimos 20 anos.

 

Alfredo Almeida – É Presidente do PSD de Maués, foi Secretário Extraordinário do Estado do Amazonas no período de 2004 a 2006, Deputado Estadual no Amazonas na legislatura 1998 a 2002, vereador em duas legislatura (1988 a 1992/1993 a 1996) e Presidente da Câmara Municipal de Maués no período 1995/1996.